segunda-feira, 12 de outubro de 2015

CONTO DE FADAS NA CHAPADA DIAMANTINA





LA VIE EN ROSE - Fairy Tale in the Chapada Diamantina He ran the last years of the last century, when I traveled alone to the Chapada Diamantina and got lost near the town of Maracas, in search of a shortcut that shortened my journey. It was a moonlit night sky and the pallor of the interior was more moving than you can imagine (I think was why I lost!). In this enchanted ceiling, summed up the image of vast rose gardens on both sides of the road that would make the fame of the place as the largest producer of flowers in the state. I stopped the car on the shoulder and viewed the flowering valleys bathed in moonlight opaline. Within seconds, the smell of gas has dissipated and the scent of roses esoteric virginal my wavering sense of reality. I locked the car and walked away not knowing what to look for (when not believe that something was pulling me). It was dawn and roses seemed inflated by ethereal dew that distilled liqueur night. I followed a trail that led me to a small makeshift hut on the banks of a babbling brook. Certainly it was a ranch where the farmers rested, I thought. No one was inside and I turned around when I heard soft footsteps on the grass. Our lanterns measured forces in the darkness and my beat. With a basket and a fishing rod, as if to leave one of these antique prints inns in the interior, a young woman  was trying to see through the blinding beam. There seemed to be afraid, though I could hear a heart thundering nearby. I apologized and introduced myself. I was lost. I wanted to return to the BR-242 .... She, in a manner ineffable, seemed to take me seriously. He showed me smiling fish fishing and invited me to come. His eyes seemed to know me in the deepest superficiality that is my way of being. I obeyed and was soon treating the fish as she blew the fire filling the air with shimmering sparks. I do not remember anything that spoke during the dinner, I heard nothing, as if made of a trauma sweet the hours I spent with her. Like a fish in his net, so I was in your arms on the mattress of straw with the poignant feeling of being at last, alive and awake, because no dream - at least to unimaginative men like me - could be so intense and perfect. I know all the poetry and the veneration I have pink and red roses for purchase that night with the sweet peasant while my soul is lost in her hair. It was almost day, already sensed the pallor of dawn, when a deep sleep fell upon me. Without the strength to wake up, I hear her say with a voice coming from other stars:
_ An evil wizard has imprisoned me here! I am a woman at night, but during the day I turn into a rose among thousands of roses in the valley of my pain. Only a man who truly loves me will know recognize me among many others. If I am taken by him during the first rays of sunshine, the charm is broken and I will be forever his.
I did not sleep, but I must have been immobilized for a long slumber and strange inky darkness. When he finally awoke, the day awakened me and dim light of morning has spread across the valley. I ran to the front of the hut and opened up a rose garden without end. Rather die than think it was all a dream. made a fool wandered among the piles, looking at the roses one by one as a face flushed with love could sprout in their petals and return my fairy peasant. The first ray of the sun projected a coruscating I thought: 'All roses should be moist with the dew that had fallen overnight, but my Rose, whose dew protect my arms all night. Rose should be the only pink Dry around the rose garden. " Not Reviewed and very soon I saw the end of a twig, a flower lean, without a single drop petals, while all around kept the liquor cloudy in the evening. I reached out and plucked. Rose's face appeared to me the size of a cloud and his eyes seemed to cry all the dew in the world. I heard his unforgettable voice say: "You cheated! Used the mind and not the heart! His love is that I should recognize and not the monstrous logic!"

I saw everything dark. I woke up sweating in the car off the road, with the noise of a truck convoy. I thought for a moment have had a fantastic dream, but to start the car, I realized that my fingers had a red rose is still wet and steamy tears of nostalgic! I put it between the pages of a voluminous novel by Thomas Hardy, the top of my library. Every year on June 12, when magic happened this episode in my dull life, I sit in front of the book, open a bottle of wine and drink without the pinkish liquid courage to open the petals of a dream etiolated sleeping at the bottom of my lonely soul.




Corria os últimos anos do século passado, quando viajei sozinho para a Chapada Diamantina e me perdi próximo à cidade de Maracás, em busca de um atalho que abreviasse minha jornada. Era uma noite de luar e o céu do sertão tinha o palor mais comovente que se possa imaginar (penso ter sido por isso que me perdi!). A este teto encantado, somava-se a imagem de vastos roseirais nos dois lados da estrada que iriam fazer a fama do local como o maior produtor de flores do estado. Parei o carro no encostamento e contemplei os vales floridos banhados pela opalina luz do luar. Em segundos, o cheiro da gasolina dissipou-se e um aroma esotérico de rosas virginais fez vacilar meu sentido de realidade. 
Tranquei o carro e saí andando sem saber direito o que buscar (na hora não acreditaria que algo estivesse me atraindo). Era madrugada e as rosas pareciam infladas pelo orvalho etéreo que a licorosa noite destilava. Segui uma trilha que me levou a um pequeno barraco improvisado nas margens de um murmurante riacho. Certamente era um rancho onde descansavam os cultivadores, pensei. Não havia ninguém dentro dele e fiz meia volta quando ouvi passos suaves sobre a relva. Nossas lanternas mediram forças na escuridão e a minha venceu.
Com um cesto e uma vara de pescar, como se saísse de uma dessas gravuras antigas em pousadas do interior, uma jovem tentava me ver por entre o facho ofuscante. Não parecia ter medo, embora eu pudesse ouvir ali perto um coração retumbante. Pedi desculpas e me apresentei. Estava perdido. Queria voltar à BR-242.... Ela, de um modo inexprimível, pareceu não me levar a sério. Mostrou-me sorridente os peixes que pescara e me convidou a entrar. Seus olhos pareciam me conhecer na mais profunda superficialidade que é o meu jeito de ser. Obedeci e logo estava tratando os peixes enquanto ela soprava o fogo enchendo o ar de cintilantes centelhas. Não me recordo de nada que falei durante o jantar, de nada que ouvi, como se feitas de um trauma doce as horas que com ela eu passei. Como um peixe em sua rede, logo eu estava em seus braços no colchão de palha com a pungente sensação de estar, enfim, vivo e acordado, pois nenhum sonho – pelo menos em homens sem imaginação como eu – poderia ser tão intenso e perfeito. Toda a poesia que sei e a veneração que tenho pelas rosas róseas e vermelhas adquiri naquela noite com a doce camponesa enquanto minha alma se perdia nos seus cabelos. Era quase dia, já se pressentia o palor da aurora, quando um sono pesado sobre mim se abateu. Sem ter mais forças para acordar, ouvir ela me dizer com uma voz vinda de outras estrelas:
_ Um mago perverso me aprisionou aqui! Sou mulher à noite, mas durante o dia me transformo em uma rosa entre milhares de rosas neste vale da minha dor. Somente um homem que me ame de verdade saberá me reconhecer entre tantas outras. Se eu for colhida por ele durante os primeiros raios de sol, o encanto será quebrado e para sempre sua serei.
Não dormi, mas devo ter ficado muito tempo imobilizado por um estranho torpor e retinta escuridão. Quando finalmente despertei, o dia despertava comigo e a luz baça da manhã já se espalhava pelo vale. Corri para frente do barraco e descortinei o roseiral sem fim. Preferia morrer a pensar que tudo tinha sido um sonho. vaguei feito um pateta entre as leiras, olhando as rosas uma por uma como se um rosto afogueado de amor pudesse brotar em suas pétalas e devolver a minha feérica camponesa. O primeiro raio do sol projetou-me um coruscante pensamento: "Todas as rosas deveriam estar úmidas do orvalho que caíra durante a madrugada, menos a minha Rosa, de cujo orvalho meus braços a protegeu por toda a noite. Rosa deveria ser a única rosa seca em todo o roseiral". Não revistei muito e logo vi na extremidade de um galho, uma flor enxuta, sem uma única gota nas pétalas, enquanto todas ao redor guardavam o enevoado licor da noite. Estendi o braço e a colhi. 
O rosto de Rosa me apareceu do tamanho de uma nuvem e seus olhos pareciam chorar todo o orvalho do mundo. Ouvi sua voz inesquecível me dizer: " Você trapaceou! Usou a mente e não o coração! Seu amor é que deveria me reconhecer e não a sua monstruosa lógica!"
Vi tudo escurecer. Acordei suando dentro do carro, no acostamento da estrada, com o ruído de um comboio de caminhões. Acreditei por um instante ter tido um fantástico sonho, mas, ao ligar o carro, percebi que tinha entre meus dedos uma rosa vermelha ainda úmida de dolentes e vaporosas lágrimas! Guardei-a entre as páginas de um volumoso romance de Thomas Hardy, no alto da minha biblioteca. Todos os anos, no dia doze de junho, quando aconteceu esse episódio mágico em minha embotada vida, sento-me em frente ao livro, abro uma garrafa de vinho e bebo o líquido rosáceo sem coragem de abrir as pétalas estioladas de um sonho que dorme no fundo da minha alma solitária.

Share this post

0 comentários :