O
ditirambo de Heráclito, “O garimpeiro escava muito a terra e encontra
pouco ouro”, adereça com perfeição a vida de um pesquisador.
São centenas de páginas estéreis até encontrar algo relevante. Em se tratando de Física e Cosmologia então, o ditirambo nem serve mais. Somos como astronautas procurando por um planeta habitável nas incomensuráveis e escuras vastidões do cosmos. Os autores dessa matéria, físicos e astrônomos, são profundamente sectários, às voltas com o ranço acadêmico das suas instituições, com o hermetismo de suas teorias, prisioneiros das disputas e do conflito de ideias que se arrastam rançosas como frades medievais fedendo velas de sebo em eternos e indigestos quodlibetas! Assim sendo, quando encontramos um fato sensível e empolgante na cosmologia, corremos ao teclado e para ele orientamos os instrumentos da nossa nave estelar. Entre as centenas de partículas subatômicas identificadas pelos físicos, me intriga profundamente os gluóns, uma “cola” que une bósons no interior do núcleo do átomo e que responde por uma das quatro forças fundamentais, a força nuclear forte. Se você separar um par de gluóns ( o que se faz quase sem necessidade de aplicar sobre ela muita força ou energia – são extremamente fracos, como essa cola usada em papel de bilhetes que usamos em escritórios) e afastar um do outro, à medida que você os afasta, a atração entre eles vai dobrando de intensidade na razão proporcional à distância.
Agora imagine que você conseguiu afastá-los até que entre o par haja uma distância similar à que existe entre Júpiter e o sol. A atração misteriosamente adquire uma energia potencial tão assombrosa que parece ser capaz de explodir toda a galáxia em caso de choque. Em seguida, você solta o par e observa. Eles partem um em direção ao outro na velocidade da luz. Você espera por uma hecatombe, os gluóns, porém, começam a diminuir a velocidade e a força de atração. A velocidade decai para escalas visíveis ao olhar, torna-se relenta, até o ponto de simplesmente flutuarem em órbita um do outro. Finalmente se aproximam lerdos e abaianados, girando como um par de bailarinos, para finamente se acoplarem em seus indefectíveis contornos plasmáticos. Calhou-me pensar nessa hora que o desejo humano, essa pralina etérea que nos inquieta intermitentemente, seja composto por gluóns ou partículas similares. Suponhamos um casal apaixonado e separados por uma distância continental. Seus corpos se abrasam de saudades e ardem de desejo. Ela está em Berlim e ele em Riachão do Jacuípe. Ela decide voltar. Não aguenta mais o “chorismói”, a separação! Ele não consegue mais dormir esperando o retorno da amada, quer sequestrar o bimotor do único agrônomo da região e encontrar sua amada nos ares do sertão. Ela é toda impulso e vertigem. Parece feita dessa anti-matéria que se explode e se anula quando encontra o seu par de carga oposta, uma anti-Julieta em uma anti-aeronave emitindo anti-suspiros de anti-amor sob a anti-luz de um anti-luar! O avião faz escala no Rio de Janeiro. Ele já consegue respirar. Faz até a barba e veste uma roupa limpa. Mais uma poucas horas e ela telefona avisando já estar sobrevoando Salvador. Ele consegue finalmente fazer uma refeição de verdade, feijão e arroz, bife com batatas! Em salvador ela embarca em um ônibus com destino à cidade do seu amado. A estrada é ruim e a viagem demora mais um pouco, uma eternidade para os amantes separados. Ele dorme no sofá, ao lado do telefone, o celular entre a almofada e sua cabeça a sonhar com Marinalva, sua noiva adorada. O telefone toca às duas da manhã! ELA CHEGOU! ESTÁ LOGO ALI NA RODOVIÁRIA! E PEDE PARA ELE IR APANHÁ-LA! Ele se contorce na cama, estava sonhando que limpava as gaiolas cheias de titica de papagaio (na verdade era uma arara que ele criava). Ele comenta:
_ Ôiiii, Môôô! Procura aí, querida, no ponto de táxi um motorista chamado Ronildo! Ele sabe onde moro e lhe trás aqui! Comi um feijão há pouco que me deu uma azia e uma dor de barriga da disgraça!...
* * *
...E quem irá dizer que não existe tesão nas coisas feitas de Gluãos, e quem irá dizer que nãos!!!
São centenas de páginas estéreis até encontrar algo relevante. Em se tratando de Física e Cosmologia então, o ditirambo nem serve mais. Somos como astronautas procurando por um planeta habitável nas incomensuráveis e escuras vastidões do cosmos. Os autores dessa matéria, físicos e astrônomos, são profundamente sectários, às voltas com o ranço acadêmico das suas instituições, com o hermetismo de suas teorias, prisioneiros das disputas e do conflito de ideias que se arrastam rançosas como frades medievais fedendo velas de sebo em eternos e indigestos quodlibetas! Assim sendo, quando encontramos um fato sensível e empolgante na cosmologia, corremos ao teclado e para ele orientamos os instrumentos da nossa nave estelar. Entre as centenas de partículas subatômicas identificadas pelos físicos, me intriga profundamente os gluóns, uma “cola” que une bósons no interior do núcleo do átomo e que responde por uma das quatro forças fundamentais, a força nuclear forte. Se você separar um par de gluóns ( o que se faz quase sem necessidade de aplicar sobre ela muita força ou energia – são extremamente fracos, como essa cola usada em papel de bilhetes que usamos em escritórios) e afastar um do outro, à medida que você os afasta, a atração entre eles vai dobrando de intensidade na razão proporcional à distância.
Agora imagine que você conseguiu afastá-los até que entre o par haja uma distância similar à que existe entre Júpiter e o sol. A atração misteriosamente adquire uma energia potencial tão assombrosa que parece ser capaz de explodir toda a galáxia em caso de choque. Em seguida, você solta o par e observa. Eles partem um em direção ao outro na velocidade da luz. Você espera por uma hecatombe, os gluóns, porém, começam a diminuir a velocidade e a força de atração. A velocidade decai para escalas visíveis ao olhar, torna-se relenta, até o ponto de simplesmente flutuarem em órbita um do outro. Finalmente se aproximam lerdos e abaianados, girando como um par de bailarinos, para finamente se acoplarem em seus indefectíveis contornos plasmáticos. Calhou-me pensar nessa hora que o desejo humano, essa pralina etérea que nos inquieta intermitentemente, seja composto por gluóns ou partículas similares. Suponhamos um casal apaixonado e separados por uma distância continental. Seus corpos se abrasam de saudades e ardem de desejo. Ela está em Berlim e ele em Riachão do Jacuípe. Ela decide voltar. Não aguenta mais o “chorismói”, a separação! Ele não consegue mais dormir esperando o retorno da amada, quer sequestrar o bimotor do único agrônomo da região e encontrar sua amada nos ares do sertão. Ela é toda impulso e vertigem. Parece feita dessa anti-matéria que se explode e se anula quando encontra o seu par de carga oposta, uma anti-Julieta em uma anti-aeronave emitindo anti-suspiros de anti-amor sob a anti-luz de um anti-luar! O avião faz escala no Rio de Janeiro. Ele já consegue respirar. Faz até a barba e veste uma roupa limpa. Mais uma poucas horas e ela telefona avisando já estar sobrevoando Salvador. Ele consegue finalmente fazer uma refeição de verdade, feijão e arroz, bife com batatas! Em salvador ela embarca em um ônibus com destino à cidade do seu amado. A estrada é ruim e a viagem demora mais um pouco, uma eternidade para os amantes separados. Ele dorme no sofá, ao lado do telefone, o celular entre a almofada e sua cabeça a sonhar com Marinalva, sua noiva adorada. O telefone toca às duas da manhã! ELA CHEGOU! ESTÁ LOGO ALI NA RODOVIÁRIA! E PEDE PARA ELE IR APANHÁ-LA! Ele se contorce na cama, estava sonhando que limpava as gaiolas cheias de titica de papagaio (na verdade era uma arara que ele criava). Ele comenta:
_ Ôiiii, Môôô! Procura aí, querida, no ponto de táxi um motorista chamado Ronildo! Ele sabe onde moro e lhe trás aqui! Comi um feijão há pouco que me deu uma azia e uma dor de barriga da disgraça!...
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...E quem irá dizer que não existe tesão nas coisas feitas de Gluãos, e quem irá dizer que nãos!!!
₢ CRS
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