Quando
Balzac já possuía quase quarenta anos, recebeu uma carta anônima de uma
admiradora que assinava "A Estrangeira".
Imediatamente se enamorou
apaixonadamente dela e lha assediou durante um ano, sem conhecer sequer o
seu nome, com seus arrebatamentos de amor onde derramava nas cartas
toda a genial loucura do seu coração.Logo o conto de fadas se tornou
realidade; A estrangeira veio da Rússia e
lhe propôs um encontro em uma cidade na Suíça. Balzac teve que fazer o
possível e o impossível para ganhar em dez dias cem luízes de ouro,
escrevendo livros a todo vapor, para poder viajar. Se encontraram em
Neuchâtel e ela se lhe entregou totalmente. Essa mulher era Eva Von
Hanska, a esposa de um riquíssimo conde da Ucrânia, que já tivera vários
filhos mas ainda sendo uma jovem beldade rubensiana com cabelos negros e
uma boca sensual e cruel. Os amantes juraram casar-se quando o conde
estivesse morto. Balzac estava fora de si; Já se via como senhor das
possessões ucranianas, em seu quarto de trabalho fixou um quadro com a
visão do castelo dos Hanski, em Wierzchownia. Ao mesmo tempo queria
tornar-se rico, famoso e poderoso para poder converter sua Eva na "dona
de Paris". Lhe saudava com a expressão "Ave, Eva!" e lhe escrevia cartas
intermináveis, rebuscadas de banal patetismo nas quais punha a sua
amada pelos céus, céus estes totalmente ofuscados. " Te amo como se ama a
Deus, como se ama ao destino", dizia em uma de suas litanias
embriagadas.
O que se seguiu foi um verdadeiro martírio. Teve que fazer gigantescos esforços econômicos para poder enfrentar a situação. Um segundo encontro em Genebra ele pagou com um serviço que lhe comprometia entregar doze livros, a maioria ainda não escritos. Mais tarde não conseguia juntar dinheiro para viajar até Eva, apesar de trabalhar como escravo, por estar nas mãos de seus credores e por seguir contraindo dívidas com suas aquisições luxuosas em vistas do casamento combinado. Frequentemente se encontrava na miséria enquanto sua amada, sem compreender a sua situação, continuava em sua vida feudal e lhe torturava com seus caprichos e sua altivez. Depois de alguns dias maravilhosos em Viena, ficou sem ver Eva durante sete longos anos. Após dez anos desta "vida conjugal espiritual", morreu o conde Hanski, porém Eva seguiu protelando cumprimento de sua promessa com diferentes pretextos. Balzac teve que ter paciência por mais sete anos antes de poder conduzi-la como sua esposa a sua faustosa vivenda parisiense, em maio de 1850. Poucas semanas depois, morreu. A quimera havia cumprido sua missão.
In Tragische Literaturgeschichte (História Trágica da Literatura), Walter Muschg.
Nota do Tradutor: Os historiadores e críticos são unânimes em comentar esse episódio na vida do Balzac como uma profunda ironia do destino, uma patuscada romântica. Nenhum deles consegue perceber que Balzac morrera de amor ao, finalmente, após dezessete anos de espera, morar com a sua amada sob o mesmo teto! Prova disso, para mim, é que ele escrevera seu mais esotérico romance, Seraphita, nos períodos em que com ela se encontrava! Nesse mágico romance vemos um ser pleno e iluminado, de sugestivo nome angelical, esbanjando bonomia e e felicidade por ser um ser composto pelos dois sexos unidos na mesma alma. Um mítico andrógino tal como Aristófenes, em O Banquete. Um ser que não precisava mais de nenhum contato carnal com ninguém por estar absolutamente pleno de amor. Seráphita, publico aqui em primeira mão para registro dos acadêmicos, era um secreto relato autobiográfico, era O CASAL, tal como Zelda e Fitzgerald anos mais tarde e tantos outros intensos e abençoados casais que na terra realizam a promessa divina de serem uma única alma quando nas suaves noites celestiais!
₢ Tradução do alemão e notas Cassiano Ribeiro Santos
O que se seguiu foi um verdadeiro martírio. Teve que fazer gigantescos esforços econômicos para poder enfrentar a situação. Um segundo encontro em Genebra ele pagou com um serviço que lhe comprometia entregar doze livros, a maioria ainda não escritos. Mais tarde não conseguia juntar dinheiro para viajar até Eva, apesar de trabalhar como escravo, por estar nas mãos de seus credores e por seguir contraindo dívidas com suas aquisições luxuosas em vistas do casamento combinado. Frequentemente se encontrava na miséria enquanto sua amada, sem compreender a sua situação, continuava em sua vida feudal e lhe torturava com seus caprichos e sua altivez. Depois de alguns dias maravilhosos em Viena, ficou sem ver Eva durante sete longos anos. Após dez anos desta "vida conjugal espiritual", morreu o conde Hanski, porém Eva seguiu protelando cumprimento de sua promessa com diferentes pretextos. Balzac teve que ter paciência por mais sete anos antes de poder conduzi-la como sua esposa a sua faustosa vivenda parisiense, em maio de 1850. Poucas semanas depois, morreu. A quimera havia cumprido sua missão.
In Tragische Literaturgeschichte (História Trágica da Literatura), Walter Muschg.
Nota do Tradutor: Os historiadores e críticos são unânimes em comentar esse episódio na vida do Balzac como uma profunda ironia do destino, uma patuscada romântica. Nenhum deles consegue perceber que Balzac morrera de amor ao, finalmente, após dezessete anos de espera, morar com a sua amada sob o mesmo teto! Prova disso, para mim, é que ele escrevera seu mais esotérico romance, Seraphita, nos períodos em que com ela se encontrava! Nesse mágico romance vemos um ser pleno e iluminado, de sugestivo nome angelical, esbanjando bonomia e e felicidade por ser um ser composto pelos dois sexos unidos na mesma alma. Um mítico andrógino tal como Aristófenes, em O Banquete. Um ser que não precisava mais de nenhum contato carnal com ninguém por estar absolutamente pleno de amor. Seráphita, publico aqui em primeira mão para registro dos acadêmicos, era um secreto relato autobiográfico, era O CASAL, tal como Zelda e Fitzgerald anos mais tarde e tantos outros intensos e abençoados casais que na terra realizam a promessa divina de serem uma única alma quando nas suaves noites celestiais!
₢ Tradução do alemão e notas Cassiano Ribeiro Santos
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