Nem
sempre nossas tentativas de “cura gay” são bem sucedidas, como aquela que narro
no conto O PALADINO DA MORAL CRISPIM DOUGLAS CORCORAN – nesse mesmo blog -. O tiro também pode sair pela Culatra. Conto-lhes uma destas de
retumbante fracasso: nas tardes ociosas de Itambé-Ba que mimavam a eternidade,
quando nem as nuvens saíam do lugar, como se chovessem lassidão e preguiça,
alguém do nosso grupo de rapazes sugeriu:
_
Que tal levarmos Serginho, filho de Zeca Tampão, ao puteiro de Detinha e ver se
ele aprende a gostar de xereca?
Havia
tanta anjagem (virtudes angelicais) na proposta de Newton Buguelo que nos
sentimos escolhidos para uma missão celestial. O plano era prometer ao Serginho
o direito de frequentar o nosso clube – um discreto quartinho nos fundos da
casa do pastor Ismaelson, onde guardávamos nossas coleções de HQ’s,
estilingues, bolas de futebol e pingue pongue, assim como os mapas e planos de
travessuras que ele implorava para participar. Roubamos o Jeep de meu pai com
ajuda do nosso fantástico motorista Etevaldo Pereira, e zarpamos todos para o
puteiro perto do cemitério. Acertamos uma puta novinha que tinha uma queda por
garotos também novinhos como ela – uma romântica incurável, no sentido literal
e que depois, quando contraísse sífilis, manteria o epíteto em sentido figurado
– e de nome Leocádia. Soltamos ela e o Serginho dentro do quarto e
ficamos na sala tomando cerveja Polar. Meia hora depois, a Leocádia abre a
porta e, meio chorosa, avisa que fizera de tudo, que o Serginho até que ficava
excitado, mas não penetrava de jeito nenhum. Entramos furiosos no quarto e lhe
prensamos na parede culpando-o por deixar a pobre da garota apaixonada e
decepcionada, feito uma senhora que chega tarde à feira e não acha mais
pepinos! Ele protestou com veemência dizendo sofrer de claustrofobia,
que jamais iria enfiar o pinto dele em algo apertado e escuro. Sacudi seu
pescoço lhe dizendo que o fato de ser escuro não importava nada, pois o pinto
dele era cego, se ele por acaso queria que amarrássemos uma lanterna na cabeça
da rola pra iluminar lá dentro? Pensei também em explicar que não era tão
apertado assim, relatando a lista de todo mundo da cidade que já havia passado
por aquela caverna como Homero elencando a lista de todas as 400 naves que
embarcaram para a guerra de Troia, mas, antes de prosseguir nesse fudistérico
sermão, meu amigo Newton Buguelo perdeu as estribeiras, o sacudiu pelo pescoço
e disse:
_
Escuta aqui, seu malandro! Ou você come a nossa amiga que está apaixonada pelos
cem Reais que pagamos antecipado, ou te levaremos na ladeira do Tomba e faremos
com que Rosalvão coma a sua bunda!
Que
desastre! O Serginho, ao ouvir aquela ameaça, sacudiu os ombros resignadamente
e concluiu com o mais sórdido estoicismo anal que já vi em toda a minha vida:
_ Fazer o quê? Cada um tem o castigo que merece! Que hora iremos na ladeira do Tomba?Desistimos. Fomos embora do puteiro. Nunca mais tive notícias do Serginho nem quantos outros tiros mais ele deu pela Culatra!
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