Noite
passada, sonhei andando pelo passeio de uma rua, onde localizava-se a casa de
uma linda menina de rosto encantador, por quem fui tremenda e platonicamente,
apaixonado quando criança. Ao meu lado, estava um colega da mesma época e que
também morria de amores por ela. Rivais na infância, no sonho éramos colegas de
infortúnio, pelo amor não correspondido e, explico depois, por ela já haver
falecido nos dias de hoje.
Eu estava sonhando já pela manhã, o sol já brilhava sobre minhas remelas, e estou certo de que havia um misto de vigília permeando a tessitura do sonho. era como se eu fosse um desses xamãs mestres na onirocracia: o controle dos sonhos.
Eu e o meu colega passávamos pelo passeio dela e disputávamos um livro de Marcel Proust que, no sonho, parecia ter, além da arte de recuperar o tempo perdido no plano da memória, o mágico poder de trazer de volta a garota que amávamos, ainda que já embaixo da janela dela estivéssemos. Meu colega também partilhava comigo a dubiedade daquele sonho e da consciência de sua irrealidade.
Eu estava sonhando já pela manhã, o sol já brilhava sobre minhas remelas, e estou certo de que havia um misto de vigília permeando a tessitura do sonho. era como se eu fosse um desses xamãs mestres na onirocracia: o controle dos sonhos.
Eu e o meu colega passávamos pelo passeio dela e disputávamos um livro de Marcel Proust que, no sonho, parecia ter, além da arte de recuperar o tempo perdido no plano da memória, o mágico poder de trazer de volta a garota que amávamos, ainda que já embaixo da janela dela estivéssemos. Meu colega também partilhava comigo a dubiedade daquele sonho e da consciência de sua irrealidade.
Foi nesse exato instante que a janela se
abriu e ela surgiu como um anjo anunciador do paraíso. Por uma fração de
segundos, sua imagem hesitou, como um frame de um filme que tremelica
rapidamente. Sei porque essa ranhura aconteceu, ou penso saber: Em minha
consciência dividida entre o sonho e a sensação vaga de estar acordado (quem
duvidar que seja possível dividir a consciência, se informe, na Fenomenologia
de Husserl, sobre Noesis, Noema e Ato Noemático), minha parte acordada quis
dizer:
_ Não! Você não pode aparecer mais, meu anjo! Você já morreu!
Ao que as
potências do sonho respondera:
_ Por isso mesmo! morta no seu mundo real, muito
mais livre estou para aparecer aqui, agora que aqui é justamente o lugar onde
eu posso continuar existindo.
E, ao dizer isso, silenciosamente, o sonho fez
ela surgir com um encanto assombroso, o mais lindo fantasma onírico a sorrir e
a nos mostrar, a mim e ao meu colega de viuvez platônica, o esplendor que nos
espera no Paraíso! Que Deus leve ele primeiro a ver tamanha beleza!
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