REFLEXÃO CONCEITUAL - CONSIDERANDO QUE, NA ORIGEM, TUDO É HUMILDE E MODESTO, PODEMOS CONFESSAR SEM DESMESURADA AUDÁCIA, NOSSA PRETENSÃO DE REVOLUCIONAR A ESTÉTICA CINEMATOGRÁFICA, RETIRANDO DA SONOPLASTIA A SUA FUNÇÃO REPRESENTATIVA, CONDICIONADA QUE ESTÁ PELOS RITMOS DO ROTEIRO E DAS VISIBILIDADES DETERMINÁVEIS (O PRÓPRIO CÉREBRO HUMANO PARECE TER DESENHADO ESSA ORIENTAÇÃO DO CINEMA COM A SUPREMACIA DOS CIRCUITOS VISUAIS SOBRE AS PERCEPÇÕES AUDITIVAS EM NOSSO APARELHO SENSÓRIO-MOTOR). É BEM VERDADE QUE O CINEMA EXPERIMENTAL, A PARTIR DOS ANOS 60, BUSCOU ESSA AUTONOMIA DA SONOPLASTIA, ATINGINDO INCLUSIVE O STATUS DE OBRAS-PRIMAS TAL COMO SE VÊ NOS FILMES DO ALAN RESNAIS (NOTADAMENTE “O ANO PASSADO EM MARIENBAD”, "PROVIDENCE" E "MEU TIO DA AMÉRICA"). MAS TAL INDEPENDÊNCIA TEVE O CUSTO DE UMA PROFUNDA RUPTURA ENTRE AS FORÇAS ESPONTÂNEAS DA LUZ E O SENTIDO DOS ENUNCIADOS, CAUSANDO UMA EMBARAÇOSA ESQUIZOFRENIA CINEMATOGRÁFICA.
EM NOSSO ROTEIRO, AQUI APRESENTADO, NÃO EXISTE DISSOCIAÇÃO ENTRE SONS E IMAGENS, NÃO EXISTE NENHUMA PERSONAGEM NARRANDO A HISTÓRIA (PECADO MAIOR DO VERBORRÁGICO CINEMA NACIONAL), MAS O RITMO NARRATIVO SERÁ DETERMINADO PELA MATÉRIA SONORA QUE ROMPE OS LIMITES DA REFERÊNCIA VISUAL ATRAVÉS DE UMA TEORIA ACÚSTICA POSTULADA LOGO NO INÍCIO DO FILME, A SABER, A POSSIBILIDADE PRECONIZADA PELO CIENTISTA DE SE OUVIR TODOS OS SONS DA HISTÓRIA UNIVERSAL AINDA A RESSOAR NOS ÁTOMOS DA ATMOSFERA. PRETENDEMOS ASSIM CONSTRUIR UM THRILLER CAPAZ DE GUIAR A PERCEPÇÃO E O SENTIDO DA NARRATIVA, TRANSFORMANDO TODA A FOTOGRAFIA EM MERA ILUSTRAÇÃO (UM MISTO INUSITADO DE FICÇÃO SONORA E DOCUMENTÁRIO VISUAL, UNÍVOCO E ENTRELAÇADO, SERIA UM PÁLIDO EXEMPLO DO QUE PENSAMOS CRIAR). CIENTES DA IMPREVISIBILIDADE DE TODA CRIAÇÃO, LIMITAMOS A ESSE DETALHE NOSSA PRETENSÃO DE ORIGINALIDADE. O RESTO É APRENDIZAGEM, DEDICAÇÃO E INSPIRAÇÃO NOS GRANDES MESTRES DO CINEMA BAIANO POR QUEM SENTIMOS PROFUNDA E SINCERA ADMIRAÇÃO.
O DIRETOR ALEMÃO WERNER HERZOG, NO ESPLENDOROSO “CORAÇÃO DE CRISTAL”, HIPNOTIZOU OS ATORES PARA SUPRIMIR-LHES A CONSCIÊNCIA, EM BUSCA DO QUE ELE CHAMOU DE “CINEMA DE SONHO”. MANTIDA AS PROPORÇÕES, AO RODAR UM FILME CUJO LEITMOTIV SEJA A MATÉRIA SONORA, PRECISAREMOS DE UM DESEMPENHO SINGULAR DOS ATORES, UMA IMERSÃO NA HISTÓRIA POR UMA DISTINTA “PORTA DA PERCEPÇÃO”, O OUVIDO. PARA TAL, PRETENDEMOS INVERTER OS PROCEDIMENTOS TRADICIONAIS, EDITANDO PRIMEIRO O SOM, EM UMA ESPÉCIE DE VERSÃO RADIOFÔNICA. VERSÃO ESTA A SER EXECUTADA NOS SETS DE FILMAGEM COM DOIS OBJETIVOS: EXTRAIR DOS ATORES UM COMPORTAMENTO CONDICIONADO (QUASE PAVLOVIANO) ONDE SEUS SIGNOS CORPORAIS E INCONSCIENTES REAJAM TODO O TEMPO AOS SONS EXECUTADOS (EXPLOSÕES, MIADOS DE ONÇA, CHARANGA DE PALHAÇOS...) E TAMBÉM, PRINCIPALMENTE, CRIAR A SUSPEIÇÃO DE UMA ONISCIÊNCIA POR PARTE DE UMA PERSONAGEM (O CIENTISTA) QUE NÃO APARECE, MAS QUE PODE ESTAR OUVINDO TODOS OS DIÁLOGOS, FUNCIONANDO COMO UMA CASA VAZIA A MOVER O JOGO E A TECER UM OBSEDANTE SUSPENSE BERKELEYANO.
JUSTIFICATIVA DO PROJETO:
EM TEMPOS TÃO APOCALÍPTICOS, QUANDO A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO PLANETA GANHA DIMENSÕES CINEMATOGRÁFICAS, PENSAMOS SER MERITOSO - PARA NÃO DIZER ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO – REATAR OS LAÇOS DO HOMEM COM A NATUREZA, USANDO DE TODOS OS RECURSOS POSSÍVEIS, INCLUSIVE OS IMPACTANTES RECURSOS DO AUDIOVISUAL MODERNO. ASSIM ESCOLHEMOS UM SANTUÁRIO ECOLÓGICO DO ESTADO DA BAHIA, OS VALES DO CAPÃO E DO PATI NO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA, COMO CENÁRIO DE UMA FICÇÃO DE INSPIRAÇÕES SONORAS; INSPIRAÇÕES ESTAS QUE FAZEM DOS GRANDES CAYNONS DESTES VALES, MAIS DO QUE SIMPLES CENÁRIOS, COADJUVANTES GEOLÓGICOS NA TRAMA QUE EXPLORA OS SONS, OS ECOS E AS RESSONÂNCIAS ACÚSTICAS DA CIVILIZAÇÃO HUMANA.
DIANTE DAS AMEAÇAS PREMENTES DO AGRO-BUSINESS, EM SUA SANHA POR NOVAS ÁREAS DE CULTIVO, DESTACAMOS TAMBÉM A NECESSIDADE DE FORTALECER O CARÁTER SUSTENTÁVEL – E O TURISMO É DECIDIDAMENTE A ÚNICA E A MELHOR OCUPAÇÃO – DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA E ESPERAMOS QUE ESSE FILME, TOTALMENTE LOCADO EM TAL CENÁRIO, POSSA CONTRIBUIR PARA MANTER VIVA A VALORIZAÇÃO DO NOSSO PATRIMÔNIO AMBIENTAL, REFORÇANDO SUA JÁ CONSOLIDADA INCLUSÃO NO ROTEIRO DO TURISMO ECOLÓGICO EM NOSSO ESTADO.
O GÊNERO CINEMATOGRÁFICO ADOTADO, UM ROAD-MOVIE COM OS PROTAGONISTAS PERCORRENDO SUAS TRILHAS, EM BUSCA DE UM MISANTROPO CIENTISTA ALOJADO EM UMA DE SUAS INCONTÁVEIS CAVERNAS, FAVORECE A EXECUÇÃO DOS OBJETIVOS PROPOSTOS COM TODOS OS SETS DE FILMAGEM LOCALIZADOS NO INTERIOR DO PARQUE CITADO. A ESPONTANEIDADE DAS CENAS, A LUZ NATURAL, A AUSÊNCIA DE ESTÚDIOS E CENÁRIOS ARTIFICIAIS, ALÉM DE HARMONIZAR COM A PROPOSTA AMBIENTALISTA DE UM CINEMA CLEAN, COMPATIBILIZA OS CUSTOS OPERACIONAIS DO PROJETO COM OS TETOS ORÇAMENTÁRIOS ESTABELECIDOS, SEM RISCOS DE PERCALÇOS CONTÁBEIS OU NECESSIDADE DE APORTES POSTERIORES.
ORÇAMENTO FÍSICO-FINANCEIRO
(Clique aqui para ver o ORÇAMENTO)
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