É de dentro de um buraco-negro que lhes escrevo, e lamento informar que nada aqui tem a aparência que o cinema e os folhetins científicos apregoam. Nada de implosões, catástrofes imersivas, jatos de matéria liquefeita sugados para dentro de um vórtice cósmico, um maelstrom sorvendo estrelas e planetas feito um moinho de carne na pastelaria de Deus! Os físicos já explicaram que a força da gravidade age sobre o espaço, curvando-o, mas, também, o ENCOLHENDO! O encolhimento do espaço nas margens e dentro de um buraco-negro, em tese, não tem limites - o infinitamente pequeno é uma grandeza tão elementar como qualquer outra concebida independentemente da matéria, como o tempo, frequências ondulatórias, ritmos, tudo que possui nos números a sua razão seminal. Quando o espaço encolhe em função da força gravitacional, a matéria que ocupa este espaço diminui na mesma proporção, visto que, em sua essência mais profunda, toda a matéria é composta de energia em pacotes vibracionais. Um átomo pode encolher infinitamente se o espaço que ele ocupa assim o determinar, reduzindo o diâmetro da órbita de seus elétrons e do seu núcleo. Neste sentido, a ação gravitacional não é em si mesmo uma força violenta (um meteorito explode em chamas quando entra na atmosfera por força de outras leis da mecânica celeste e da configuração macroscópica dos corpos envolvidos, a Terra, o meteoro, a atmosfera... todos com sua natureza definida cujo encontro produz as modificações explosivas, mas a gravidade apenas promove esse encontro dos corpos, nunca agindo sobre a matéria). Quando um planeta é atraído para dentro de um buraco negro, se não houver nenhum outro astro em rota de colisão, ele vai diminuindo de tamanho no ritmo exato do campo gravitacional que chamamos de espaço, adaptando-se e se ajustando ao diagrama da malha tridimensional (tetra, se incluirmos o tempo) e, relativamente ao que era milênios antes, ficar do tamanho de uma montanha, de uma jaca, uma bola de gude, uma gota d'água.... Assim como todos os corpos dentro e na superfície deste planeta, montanhas, jacas, bolas e gotas seguem encolhendo na mesma proporção! É a energia cinética que faz os corpos explodirem quando se chocam, e a gravidade não é uma força cinética, convém sempre repetir, ELA NÃO AGE SOBRE OS MODOS (corpos), mas apenas no atributo EXTENSÃO!* Voltando ao infinitamente pequeno, temos dificuldade em conceber essa propriedade do espaço porque em todo campo ou corpo considerado, projetamos um centro matemático, um ponto abstrato que seria o meio exato e que funcionaria como limite para um encolhimento, mas este ponto é tão somente abstrato! Pode ser infinitamente reduzido assim como a altura de uma onda energética pode ser reduzida infinitamente sem modificar sua frequência (o conceito de energia não implica o de espaço). Quando vemos representações científicas de uma estrela sendo devorada por um buraco-negro, são comuns aquelas imagens de fiapos da estrela sendo sugados para dentro do ralo, mas tudo não passa de uma ilusão de ótica, visto que os campos gravitacionais funcionam como grandes lentes cósmicas, distorcendo a luz e a imagem dos astros considerados feito as anamorfoses de Hans Holbein, quando uma caveira é vista no espelho esticada e formando a imagem de uma baguette de pão (cf. a tela Os Embaixadores)! Na ausência de colisões, os corpos atraídos pelo campo gravitacional vão encolhendo suavemente e dentro de um buraço negro costuma existir sistemas solares inteiros, com planetas e satélites e tudo o mais análogo que possamos conceber, inteiros e íntegros, embora, relativamente a um espectador hipotético fora do buraco, do tamanho de uma cabeça de alfinete. Podemos supor que, assim como estes buracos possuem massa determinada e medida pela ciência astronômica, o encolhimento deve ser interrompido na proporção exata da força gravitacional constante e atuante, relativa a quantidade de massa contida, mas passível de aumentar se um nova estrela ou planeta começar a ser atraído para dentro dele. Uma hipotética nave se deslocando dentro de um objeto celeste destes, não seria esmagado por "explosões de estrelas em miríades de fogos empíricos", para usar uma expressão poética de William Blake, mas deslizaria a cada hora mais encolhido, na medida em que a força de seus motores conseguissem a propulsão necessária, pelos incomensuráveis eóns, por infinitos e vazios anos-luz-aprisionados em um cosmos que julgamos do tamanho de uma ponta de agulha. Talvez este infinito universo que contemplamos no alto de nossas cabeças seja o interior de um absurdo buraco-negro, um buraco dentro de outro, cavernas atrás de cavernas, dobras de um manto fru-fru e barroco que constitui um dos atributos da substância divina em um baile metafísico e perequetê!
* A distinção que a ciência faz entre espaço e gravidade é apenas uma distinção formal; na prática, quando um corpo encolhe, com ele encolhe o espaço ocupado. Isto cria um atalho para tudo que se movimenta e tangencia o "loci", o lugar encolhido, fazendo o móvil se inclinar para aquele novo percurso, o mais curto (a natureza não apenas escolhe os procedimentos mais simples, como sabia Ockham e os biólogos, mas também os mais CURTOS!). Essa variação de percurso é sentida como uma força misteriosa agindo no sistema e chamamos pelo nome pomposo de Gravitação Universal o que não passa de ondulações e perturbações na água cósmica que dorme!
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