Um
advogado bem sucedido contratou um jovem estagiário e combinaram que, em troca
do aprendizado adquirido, o bacharel lhe pagaria luvas de determinado valor tão
logo ganhasse a sua primeira causa. Passaram-se semanas, meses e anos, mas o
jovem estagiário, um advogado já atuante e afastado do escritório onde
estagiara há muito tempo, nunca ganhava uma causa, embora ganhasse muito
dinheiro por outros artifícios de natureza conciliatória além de dar aulas em
uma dessas universidades vigaristas de esquina. O outro, seu primeiro patrão,
por perfídia ou avareza, resolveu processar seu ex-estagiário cobrando-lhe pelo
tempo de aprendizado. Na ante-sala do fórum municipal, ao se encontrarem, o
velho avarento disse para o ex-aprendiz:
_
De um jeito ou de outro, você vai me pagar: Tanto se o juiz me der ganho de
causa como se for você o vitorioso, pois assim, ganhando sua primeira causa,
terá que me pagar de acordo com o contrato que firmamos.
O
Jovem rábula, vigarista como esses estafermos que hoje conspurca o Supremo
Tribunal Federal, lhe respondeu sorrindo:
_Pelo
contrário. Se eu ganho a causa, o direito me garante que não devo cumprir esse
acordo espúrio e antiético que firmamos no passado, e se eu perder, se o juiz
me obrigar a cumpri-lo, só posso fazer quando ganhar um processo, o que não
seria o caso, uma vez derrotado...
Imagino
o imbróglio que o pobre do magistrado teve que julgar!!!
Esse
tipo de argumentação, os antigos o chamavam de “argumento recíproco”, onde uma
conclusão pode-se voltar contra o argumentador, invertendo o raciocínio. Fui
testemunha pessoal de um sofisma semelhante. Um velho amigo meu, de Vitória da
Conquista, Conhecido como Professor Gílson, certo dia me pediu um conselho.
Querendo minha opinião se ele deveria, ou não, se casar. Peremptório, fui logo
lhe respondendo:
_Se
você se casar com uma mulher bonita, não serás o único na vida dela, se casar
com uma mulher feia, terás uma megera dentro de casa! Portanto...
Meses
depois o reencontrei. Ele foi logo me mostrando a aliança e me informando,
jubiloso, que havia seguido meu conselho e se casado.
_
Como assim, meus conselhos? – Perguntei.
_
Ora! Fiquei pensando no que você me disse: Se eu me casasse com uma mulher
bonita, nunca teria uma megera dentro de casa, e se eu me casasse com uma feia,
jamais seria traído! Não pensei duas vezes.
Fico
torcendo para ele tenha se casado com uma feia. Melhor ser estressado ao lado
de u'a megera do que ser corno consorte de uma linda mulher!
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